quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

(Mais) Uma Coisa Sobre o Taverneiro

Um dia um homem vem ao psicólogo com a seguinte constatação:

O mundo ficou mais vazio, mais frio.
É mais fácil nos tornarmos o que mais odiamos do que o que amamos. As pessoas que amamos são aquelas que mais ferimos. Quando terminar e a terça-feira se for vamos lembrar mais as feridas do que as carícias, por que precisamos nos forçar a seguir adiante, sem garantias de que teremos algo parecido no futuro, justamente quando a fé que nos mantem de pé, de que há algo mais além no horizonte, nos abandona.

Existem menos coisas pelas quais viver, as luzes se foram, as vozes cantantes calaram, os risos se foram, os ouvidos se tornaram moucos.

O psicólogo responde:
Senhor,
Existem refúgios nesse mundo; lugares agradáveis onde dissolver esse sentimento. Existe uma taverna onde as luzes sempre brilham, onde as pessoas cantam alegres e conversam animadas, onde a bebida é a melhor que você pode imaginar e existe um taverneiro com os ouvidos sempre prontos para uma história e que vai oferecer abrigo sempre que elas o assombrarem. Eu mesmo desejo ir lá algum dia... Ainda sou humano, afinal.

O homem suspira, se acalma e olha de volta com um brilho diferente nos olhos. Não é exatamente esperança. Ele respira fundo:

“Tenho que ir”.
“Aonde?”
“Trabalhar, senhor. Eu sou o Taverneiro. É isso que eu faço. É isso que eu sou. Eu tenho que voltar.”

Estava eu relendo Watchmen e ouvindo Kansas e Gov't Mule, quando deparei aquela piada sobre o palhaço Pagliacci, aquela que Rorschach conta enquanto pensa sobre a morte de Edward Blake, o Comediante. A ideia me veio. Não minto, há motivos para se desesperar, sim, mas há também aqueles pelos quais continuar. Existem coisas que nos fazem retomar a força e a confiança, mesmo que não haja nada acima de nós que não o céu e nada abaixo que não o chão que pisamos. Enquanto bater o sino dessa taverna anunciando um desgarrado atrás de refúgio vai haver sentido. Não tem mistério.

"With nothing above you and nothing below, couldn't cure the need for somewhere else to go" Zakk Wylde, What you're looking for. Book of shadows, 1994.

"Carry on my wayward son, there'll be peace when you were done" Kansas,
Carry on my wayward son. The Best of Kansas, 1984.

"I shall return from the denpth of my own hell, I shall return". Gov't Mule, I shall return. Dose, 1998.





2 comentários:

  1. tu tava ouvindo isso tudo no mesmo dia???
    O_O
    tu eh doido???
    shasiuhasiahsiuahsiuahsiaushaiushaiuhaisuh...
    um brinde ao Taverneiro...
    o/"
    (a aspa simboliza o copo...)
    xD~~~

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