sábado, 18 de setembro de 2010

Um brinde por conta da casa

Eventualmente, como qualquer um, o taverneiro tem seus dias mal dormidos e suas noites mal vividas.

Peço desculpas. Caso, melhor seria dizer, quando acontecer novamente pendurarei uma placa de fechado. Se for necessário.

Shakespeare escreveu que não importa em quantos pedaços seu coração é quebrado a vida não espera que você junte os cacos.

E cá estou só, bebendo com meu amigo Johnnie que sempre diz: Keep walking.

Alma de um homem

A madrugada era cinzenta e o colchão era morno; isso para me fazer entender que não era dessa vez. Eu ainda não tinha pegado o jeito. Estava curvado, desconhecendo ainda o peso da alma de um homem, refazendo os caminhos que me levaram àquele momento específico de insônia em que vi o rosto do meu pai nas manchas de gesso da parede. Teria visto o rosto do pai dele ali também se o conhecesse. Pensei em quantas escolhas se fizeram ka, quanto amigos se mostraram ka-tet e no inexorável fim de um último homem de pé frente a um monólito negro insondável que sempre fora seu destino, o objetivo velado de cada ação sua.

Sentido esse Es muss ein dentro dessa noite, a noite mais densa, eu esperei uma luz verde para seguir. Ela podia ser a luz dos olhos de um boxeador adversário sedento com suas costelas quebradas no último round, podia ser o elixir da juventude de que tanto pareço precisar ou a própria esperança da qual ele é feito.

Então eu me levantei de manhã, pus meus pés no chão. Olhei para o lado. Não tinha ninguém mais ali.

Fui (vim) trabalhar.